Domingo , Novembro 2 2025
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Negócio da China no Brasil – uma denúncia sobre que a maioria não vê!

Negócio da China aparece como manchete em operações de mineração estratégicas, e o que se revela é que o negócio da China não é apenas uma simples aquisição estrangeira, mas uma trama que envolve recursos naturais, soberania nacional e disputas geopolíticas.

Desde a Amazônia até o interior de Goiás e Pará, o Brasil tornou‑se palco de negociações que levantam mais dúvidas do que certezas.

Neste relatório jornalístico, dividido em três blocos de aproximadamente mil palavras cada, analisamos como o negócio da China se desenrola no Brasil, o que está em jogo e por que muitos não enxergam a dimensão completa desse fenômeno.

Negócio da China na mineração

Desde que o Brasil se tornou um dos grandes produtores mundiais de ouro, níquel, terras raras e outros minerais críticos, uma nova dinâmica de negócios estrangeiros emergiu.

Um desses casos emblemáticos envolve o negócio da China que tem se expandido por meio de aquisições de ativos minerais no Brasil.

Um exemplo recente mostra que grandes grupos chineses avançaram no setor de ouro no país. Um dos capítulos desse enredo foi reportado pela imprensa: os estrangeiros que compram as maiores minas de ouro ativas do Brasil.

Em Alagoas, a estatal chinesa Baiyin Nonferrous adquiriu a mina de ouro e cobre da Mineração Vale Verde em Craíbas por cerca de 420 milhões de dólares.

Esse tipo de operação mostra o negócio da China em ação: aquisição de ativos prontos, expansão de influência sobre minérios e aumento do poder estrangeiro sobre reservas nacionais. No caso da mina em Alagoas, o grupo chinês já enviou lotes de minério para a China, Finlândia, Índia e Polônia.

Por que isso importa? Porque o Brasil, mesmo sendo dono legal dos recursos minerais, depende de investimento estrangeiro para exploração, já que o capital nacional para projetos de longo prazo é limitado.

Conforme explicam especialistas, sem esse investimento externo muitos projetos sequer saem do papel.

E é nesse cenário que o negócio da China se torna uma espécie de porta de entrada para controle externo de ativos minerais no Brasil.

niquel

Negócio da China de olho no níquel Brasileiro

A entrada chinesa não se limita apenas ao ouro. Há também metais críticos como o níquel, cuja extração e controle despertam debates estratégicos.

Por exemplo, a recente venda de minas brasileiras de níquel à estatal chinesa China Minmetals Corporation envolveu a operação dos complexos de Barro Alto e Niquelândia, além de projetos em Mato Grosso e no Pará. O negócio foi fechado por 500 milhões de dólares.

A controvérsia surge quando se observa que uma outra empresa concorrente, a holandesa Corex Holding, teria oferecido 900 milhões de dólares por esses mesmos ativos — uma proposta 80% superior — e mesmo assim a transação foi consumada com a chinesa.

Tudo isso nos leva a perguntar: o negócio da China é simplesmente investimento estrangeiro ou algo mais profundo que afeta a soberania nacional, o controle de matérias‑primas estratégicas e a autonomia do país frente a cadeias globais de suprimento?

Vale destacar que, apesar de o governo brasileiro em muitos casos não estar diretamente vendendo os ativos, essa ausência de participação estatal direta não reduz o impacto da transação sobre o país.

Por exemplo, a Agência Nacional de Mineração afirma que negociações de cessão de ativos são responsabilidade das empresas titulares dos direitos minerários.

Portanto, no primeiro bloco deste texto, mostramos a gênese do negócio da China no Brasil: entrada de capital chinês, aquisição de ativos minerais estratégicos, participação em exploração de ouro, níquel e outros metais críticos.

Neste cenário, o Brasil não está apenas vendendo minério, mas cedendo parte do controle sobre recursos essenciais.

Negócio da China sobre recursos estratégicos

Quando falamos em negócio da China no Brasil, não estamos apenas discutindo mineração de rotina. Estamos lidando com recursos cuja extração, processamento ou controle têm implicações para a segurança nacional, para a cadeia tecnológica mundial e para o meio ambiente.

O níquel é considerado um metal crítico. Sua importância cresce no contexto de transição energética, baterias e aço inoxidável. O negócio da China inclui a compra de ativos de níquel por entidades chinesas, que passam a controlar fatias expressivas da produção nacional. A MMG, subsidiária da China Minmetals, ao comprar as operações da Anglo American no Brasil, passou a deter até 60% da produção nacional de níquel.

Isso gerou reação de autoridades nos Estados Unidos e na União Europeia, que afirmam haver risco de concentração e impacto na segurança de suprimento. No Brasil, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica abriu processo para investigar possível ato de concentração que prejudique a concorrência.

A entrega de um recurso estratégico como o níquel pode trazer riscos: menor controle nacional sobre um insumo vital, eventual aumento de dependência externa, impacto nas cadeias locais de valor e potencial perda de soberania tecnológica. O negócio da China nesse caso aparece como um alerta.

Um outro caso que ganhou repercussão envolve a suposta venda de reserva de urânio no Amazonas para empresa chinesa. As manchetes diziam que o Brasil vendeu a maior reserva de urânio à China.

No entanto, verificou‑se que a área envolvia resíduos de urânio de baixo teor, e que o urânio no Brasil é monopólio da União, conforme a legislação.

Mesmo assim, a transação levantou debates porque trata‑se de recurso considerado estratégico e porque a operação ocorreu sem aparente controle público amplo. Há lacunas regulatórias e falta de transparência sobre como o ativo foi negociado.

nióbio

O que está em jogo?

Soberania nacional sobre recursos minerais estratégicos: quando empresas estrangeiras passam a controlar ativos no Brasil, há riscos de que decisões sobre exploração, valor agregado e destino dos recursos escapem ao controle público.

Cadeia produtiva e valor interno: se recursos são explorados e exportados como matéria‑prima, o negócio da China pode significar pouco benefício real para a economia local.

Risco ambiental e social: operações minerais ocorrem em regiões ambientalmente sensíveis; a entrada de empresas estrangeiras pode implicar riscos agravados de impactos ambientais e desmatamento.

Geopolítica global: recursos como níquel, terras raras, tântalo, nióbio e urânio são vitais para tecnologias futuras. Assim, o negócio da China não é meramente comercial — é estratégico. O controle dessas cadeias por uma potência como a China muda o posicionamento do Brasil no cenário internacional.

Neste segundo bloco, evidenciamos que o negócio da China envolve soberania, futuro tecnológico, valor agregado interno e posição geopolítica do Brasil.

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Negócio da China tem lacunas e caminhos

Para encerrar este dossiê sobre o negócio da China no Brasil, é necessário olhar para as controvérsias, as lacunas de regulação e as perguntas que estão em aberto.

Em vários casos, há indícios de operações em que o país aceitou a entrega de ativos sem licitações públicas amplas ou disputa claramente transparente. No caso do níquel, apesar da oferta superior da Corex, a venda foi fechada com a empresa chinesa.

No caso da mina da Taboca no Amazonas, a comunicação oficial explica que o que foi vendido era a mineradora de estanho que atua numa área com resíduos de urânio, e que não há autorização para exploração de urânio comercial. Porém, a narrativa pública se apresentou como venda da maior reserva de urânio do Brasil.

Há uma lacuna clara na regulação e no acompanhamento dessas operações.

A ANM informou que as negociações entre titulares de direitos minerários não são reguladas previamente pelo Estado. Isso deixa uma fresta regulatória que torna o negócio da China menos visível para a sociedade, imprensa e órgãos públicos.

exploração de ouro

Isso gera questionamentos:

Qual o grau de participação dos órgãos de controle, da sociedade civil e dos governos na aprovação dessas transações?

Como garantir que a exploração gere valor no Brasil?

Qual o impacto ambiental e social dessas operações?

Como o Brasil equilibra a atração de investimento estrangeiro com a proteção da soberania?

Existe risco de que o negócio da China torne o Brasil dependente de tecnologia, capital ou mercado chinês?

Diante disso, algumas medidas poderiam ajudar:

  • Regulação mais forte antes da aprovação de vendas de ativos estratégicos.
  • Exigir critérios de valor agregado local.
  • Transparência total dos processos, valores e critérios de escolha.
  • Avaliação de impacto ambiental e social com consulta pública e fiscalização constante.
  • Diversificação de parcerias e redução da dependência de um único país.

Negócio da China para poucos

O negócio da China no Brasil está assumindo contornos que poucos enxergam com clareza. Não se trata apenas de investimento estrangeiro — trata‑se de controle de ativos críticos, de mudança no paradigma de valor interno e de posicionamento estratégico no mundo.

A entrada chinesa demonstra que o Brasil está cedendo mais do que minério: está cedendo partes do seu futuro tecnológico e econômico.

Se não houver vigilância regulatória e participação social, o negócio da China pode se transformar em negócio para poucos e risco para muitos.

Neste cenário, cabe à sociedade acompanhar com rigor. Porque quem detém os recursos, detém o poder. E para o Brasil, entender que o negócio da China também é sobre poder, pode decidir o rumo do país nas próximas décadas.

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Níquel e Urânio – metais que podem mudar a economia do Brasil

Nos bastidores das commodities globais, dois metais ganham protagonismo silencioso: o níquel e o urânio. Ambos têm aplicações estratégicas em setores que vão da energia à tecnologia, da defesa à mobilidade elétrica. No Brasil, a presença desses recursos naturais em abundância coloca o país em posição privilegiada para influenciar mercados, atrair investimentos e remodelar sua economia. No entanto, essa oportunidade depende de escolhas políticas, industriais e regulatórias que definirão se o país será exportador de matéria-prima ou líder em inovação e transformação.

O valor estratégico do níquel

O níquel é um metal amplamente utilizado na produção de aço inoxidável, ligas metálicas de alta performance e, mais recentemente, em baterias de íon-lítio para veículos elétricos.

Com a crescente demanda por eletrificação dos transportes, impulsionada por metas globais de redução de carbono, o mercado mundial de níquel passou a integrar as cadeias mais estratégicas do século XXI.

A valorização do níquel acompanha essa transformação. Em 2022, a tonelada do metal superou a marca de US$ 25 mil, e especialistas estimam que a demanda global pode dobrar até 2030, puxada especialmente pela Ásia e Europa.

Esse crescimento sustentado atrai mineradoras, investidores e governos em busca de fontes confiáveis do recurso.

O Brasil ocupa uma posição relevante nesse mercado. É o sétimo maior produtor mundial de níquel, com reservas concentradas principalmente nos estados de Goiás, Pará, Minas Gerais e Mato Grosso.

Grandes projetos de extração e beneficiamento estão ativos ou em expansão, operados por empresas nacionais e estrangeiras. O solo brasileiro é rico especialmente no tipo de níquel laterítico, adequado tanto para aço quanto para aplicações em baterias.

Além do valor de mercado, o níquel representa uma chance de industrialização e agregação de valor. Com políticas adequadas, o Brasil pode deixar de ser mero fornecedor de matéria-prima para se tornar centro de produção de ligas metálicas avançadas, insumos para baterias e componentes estratégicos

. A atração de indústrias ligadas ao setor automotivo elétrico, por exemplo, pode consolidar polos industriais e gerar empregos de alto valor agregado.

Urânio: energia e geopolítica

Se o níquel está no centro da revolução elétrica, o urânio está no centro da segurança energética. O minério é a principal fonte de combustível para usinas nucleares, sendo essencial para países que apostam na energia limpa com estabilidade de fornecimento.

Ao contrário das fontes intermitentes como solar e eólica, a nuclear é contínua, altamente eficiente e cada vez mais valorizada diante das mudanças climáticas.

O Brasil detém a sexta maior reserva de urânio do mundo, segundo a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). As reservas conhecidas somam cerca de 300 mil toneladas, distribuídas principalmente nos estados da Bahia, Ceará e Minas Gerais.

Porém, estudos geológicos sugerem que o potencial é ainda maior, especialmente em regiões pouco exploradas da Amazônia Legal.

Atualmente, a produção de urânio no Brasil é monopólio da estatal Indústrias Nucleares do Brasil (INB), que opera a única mina em atividade no país, em Caetité (BA). A produção, no entanto, é limitada e atende apenas à demanda das usinas de Angra 1 e 2. O restante do potencial permanece inexplorado, aguardando investimentos, modernização da cadeia produtiva e possível flexibilização regulatória.

O mercado internacional de urânio voltou a se aquecer nos últimos anos. A tonelada do concentrado, conhecido como yellowcake, passou de US$ 30 para mais de US$ 80 em alguns contratos de longo prazo.

A guerra na Ucrânia, o reposicionamento da Europa em busca de fontes energéticas seguras e o crescimento asiático reacenderam o interesse por fontes nucleares. Países como França, China e Índia planejam ampliar seus parques de geração, o que tende a aumentar a demanda por urânio até 2040.

Para o Brasil, isso representa duas oportunidades: exportar urânio processado com alto valor agregado e atrair investimentos para ampliar seu parque nuclear, diversificando a matriz energética.

A construção de Angra 3, atualmente paralisada, e o projeto de pequenas centrais modulares nucleares (SMRs) são exemplos de caminhos que podem transformar o cenário.

Potencial de transformação econômica

A soma do valor estratégico do níquel e do urânio posiciona o Brasil como uma possível potência de recursos críticos no século XXI.

No entanto, para transformar essa vantagem geológica em vantagem econômica e social, é preciso mais do que exportar minério em estado bruto.

O primeiro desafio é a industrialização. Agregar valor ao níquel e ao urânio, com políticas públicas que incentivem o refino, beneficiamento e transformação industrial, é o passo que separa países exportadores de matéria-prima daqueles que lideram cadeias de produção globais.

Outro ponto é o financiamento. Projetos de mineração e energia nuclear exigem capital intensivo e retorno de longo prazo.

Parcerias público-privadas, atração de fundos soberanos e políticas de crédito direcionadas podem viabilizar grandes empreendimentos.

A regulação também precisa avançar. O monopólio da União sobre o urânio, por exemplo, limita a velocidade dos investimentos. Há propostas no Congresso para permitir que empresas privadas participem da cadeia, sob fiscalização estatal.

O debate envolve segurança, soberania e atração de capital.

Além disso, a geopolítica precisa ser levada em conta. A presença de empresas estatais estrangeiras na compra de minas brasileiras, especialmente chinesas, reacende o debate sobre o controle dos recursos naturais.

O Brasil precisa estabelecer diretrizes claras de interesse nacional, proteção ambiental e retorno social em qualquer negociação que envolva ativos estratégicos.

Por fim, há o componente ambiental. Tanto o níquel quanto o urânio envolvem riscos e responsabilidades.

O desenvolvimento sustentável dessas cadeias requer licenciamento rigoroso, monitoramento constante e envolvimento das comunidades locais, especialmente em áreas da Amazônia ou com populações tradicionais.

Mais que minerais, recursos de energia

Níquel e urânio são mais do que minerais. São ativos estratégicos com capacidade de reposicionar o Brasil no cenário global, atrair investimentos bilionários e impulsionar setores industriais inteiros.

Mas esse futuro não é automático. Exige planejamento, política industrial, regulação moderna e decisões soberanas.

Se bem aproveitados, o níquel pode colocar o Brasil no mapa da revolução verde, enquanto o urânio pode garantir energia estável e limpa para o país crescer com segurança.

O potencial está no solo. Cabe agora fazer com que ele se transforme em progresso concreto.

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